Feliz qualquer ano!
Que o próximo verão... e que todos o vejam traga nas tépidas mãos os verdes que vicejam nos campos pelo sol ensolarados lavados por furiosas tempestades que fazem das terras chãos abençoados pelas mãos de nossas doces divindades que prenunciam, então, semeaduras do próximo outono que vai chegar e que todos se lambuzem das farturas da mistura de terra, de sementes e de ar que dos campos brotam abundantes como alimentos do corpo e da alma que feito generosas gestantes parindo seus frutos com amor e calma generosamente nos legam doçura que vai restar na boca como lembrança quando o céu, então, se transfigura no próximo inverno que cruel avança e que todos tenham no peito a chama que nesse tempo de dura escuridão seja da alma a voz que reclama e que no final nos dispa da ilusão posto que a pele que nos veste que se arrepia no contato com o frio é como se fosse um manto celeste que nos protege dum destino sombrio e feito criaturas da noite que fogem atrás dos raios de sol como um cão que foge do açoite buscam pelas cores do novo arrebol que prenuncia na próxima primavera desavergonhada e enigmática aurora que no brilho e nas cores exagera e que todos dela se fartem agora na mistura de brilhos e tons de tantos cheiros e perfumes de jardins sedosos de crepons que seduzem amantes vaga-lumes que no auge de suas paixões fazem amor enfeitiçados deixando no rastro das afeições como potes de mel açucarados o gosto do novo verão e que todos o vejam outra vez que traga agora nas mãos vestidos da mais pura lucidez o sentido real de tudo isso: um ano não acaba... nem outro começa não tem nem mágica... nem feitiço é só a vida que caminha sem pressa é a alma que busca lá fora um tesouro que já carrega por dentro e quando dum ano se vê nova aurora olha, então, pro seu peito... no centro e vê que aquilo que chama de tempo é dos deuses mero brinquedo puro ardil... seu passatempo fazendo de nós... malfeito arremedo da sua imagem e criação por isso, um ano não acaba... e outro começa isso é fruto da nossa imaginação da vida que corre sem pressa que busca no tempo que ligeiro passa um lugar na tão sonhada eternidade e mesmo que tanto tente... que tudo faça é dos deuses refém... de sua vontade 29 de dezembro de 2007, 2h50 guerinis@uol.com.br Poema inspirado na canção “Criaturas da Noite” d’O Terço Silvio Guerini
Enviado por Silvio Guerini em 01/01/2008
Alterado em 01/01/2008 |